domingo, 14 de outubro de 2007

OS PAIS



Este casal sob buscar em Deus o caminho da felicidade para as suas vidas. A família Martins é dominada por uma fé sólida, que vê Deus em todos os acontecimentos, e que lhe rende culto incessante: oração em família, missas matinais, comunhão freqüente.


LUÍS MARTINS
Nascido em Bordéus aos 22 de agosto de 1823 e faleceu em 29 de julho de 1894. Vindo de uma família de militares. Conheceu a vida de acampamento, foi criado sob a recordação da lenda napoleônica, muito embora tenha seu pai aderido ao exército realista por ocasião dos Cem Dias. Promovido a capitão no tempo da Restauração, o futuro avô de Teresa teve sua reforma como militar em Alençon, no ano de 1830.
O senhor Luís Martins, de gênio solitário e propenso à meditação, aprendeu relojoaria, ofício que requer paciência e exatidão.
Ao completar 22 anos, aspira a uma vida mais solitária ainda, e apresenta-se como postulante no Grande Mosteiro de São Bernardo. Como não sabia latim, foi recusado.
Leva 8 anos uma vida quase monástica em Alençon – como relojoeiro morando com os pais – atestada de trabalho, oração, leitura, pescaria – passatempo preferido – e convivência de amigos no Círculo Católico.


ZÉLIA GUÉRIN
Nascida aos 23 de dezembro de 1831 e falecendo em 28 de agosto de 1877. Vinda de uma família de origem rural, foi também acalentada por reminiscências de guerra, pois que seu pai tomou parte em Wagram, e terminou a carreira entre os gendarmes. Em 1844, retirou-se igualmente para Alençon.
Foi criada por um pai autoritário, e uma mãe que lhe não demonstrava afeição, escreve uma vez a seu irmão: “Minha infância, minha juventude foram merencórias, qual um sudário, pois enquanto minha mãe te fazia mimos, para comigo, como bem o sabees, era rigorosa demais; tive por isso, muita mágoa no coração” (Correspondência de família, 7/11/1865).
Transferiu sua afeição a esse irmão Isidoro, estudante de farmácia, e à irmã Luísa, sua confidente, que mais tarde entrará na Visitação de Mans, e tomará o nome de Irmã Maria Dositéia. Com eles manterá até a morte uma correspondência, em que dá a conhecer seu temperamento inquieto, por vezes melancólico, mas também seu natural vivo, ardente no trabalho, sua fé a toda prova, seu bom senso, até seu bom humor.
Assim como Luís, pensa na vida religiosa. Como ele, sofre uma recusa categórica, quando pede admissão entre as freiras do Hospital de Alençon. Dedica-se então a fazer renda de Alençon, e com a ajuda da mana abre uma “loja” por própria conta. Habilidosa para o trabalho, sair-se-á bem, no pleno sentido da palavra.


O CASAL
Os dois excluídos da vida religiosa, o relojoeiro de 35 anos e a rendeira de 27, vieram a encontrar-se casualmente, e, após curto noivado, casaram-se na Igreja de Nossa Senhora, aos 13 de julho de 1858.
Com uma sugestão do senhor Martins, mas em comum acordo, viveram os 10 primeiros meses como irmão e irmã. Com uma intervenção de um confessor fê-los mudar de idéia, a ponto de nesse lar nascerem nove filhos, de 1860 a 1873.
Escreve Zélia Martins em 18/12/1872 antes de nascer Santa Teresinha: “Eu por mim tenho verdadeira paixão por filhos. Nasci para tê-los, mas dentro em breve chegará o tempo em que isso acabe. Dia 23 deste mês farei 41 anos, é idade em que a gente se torna avó!”.
Durante 15 anos, houve alternância de nascimentos e óbitos. Teve de presenciar a morte de dois meninos e duas meninas, entre as quais a cativante Helena, de cinco anos de idade.
Tinha uma saúde muito precária, estava com câncer no seio, que somente em 1876 se revelou incurável, onde se vê ter que confiar sua quinta filha e os filhos seguintes aos cuidados de amas de leite.

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